Notícia 29/11/2022

Com painéis de indicadores inéditos e evolução em acessibilidade, PCDaS consolida parceria com SISDEF em 2022

Lançado oficialmente este ano, projeto detalha aspectos diversos do perfil da pessoa com deficiência no Brasil

  • Nelson Niero Neto

Conforme o final de 2022 se aproxima, pesquisadores e cientistas de dados de projetos parceiros da PCDaS analisam os objetivos conquistados e os desafios superados no período.

Um destes projetos é o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência (SISDEF), uma plataforma de acesso aberto que lançou neste ano painéis de indicadores detalhando aspectos diversos do perfil da pessoa com deficiência no Brasil.

Fruto da parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), o SISDEF é vinculado ao Núcleo de Informações, Políticas Públicas e Inclusão Social (NIPPIS) — que hospeda os painéis de indicadores do SISDEF em seu site, lançado este ano em parceria com a PCDaS.

Conheça o Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência

Com a liderança da pesquisadora Cristina Rabelais, o SISDEF surgiu para produzir e publicizar indicadores confiáveis para o monitoramento das condições de vida, bem-estar e direitos humanos da população com deficiência. Respeitando a condição fundamental de fornecer acesso com recursos de acessibilidade, o projeto espera orientar ações e estratégias de organização social e políticas públicas.

Para viabilizar o conjunto de painéis de indicadores e uma experiência de qualidade no site, foi criada, no início de 2021, a parceria com a PCDaS. Foram meses de trabalho e alinhamento de estratégias, envolvendo também a Acesso Para Todos, consultoria voltada à criação de websites acessíveis que orientou a equipe de trabalho em relação a procedimentos e ferramentas relativas à acessibilidade.

Antecedentes

“O NIPPIS surgiu em 2015 com a proposta de trabalhar em uma área de intersecção entre a informação produzida cientificamente, com rigor científico, e a comunicação”, explica Cristina Rabelais, que coordena o núcleo e também o SISDEF. “Ou seja, usar os aportes e as ferramentas da comunicação para tornar esse conhecimento mais acessível”.

Outro aspecto valorizado são as manifestações culturais, uma vez que os pesquisadores do núcleo entendem que elas são inerentes à constituição e ao resgate da identidade social. “Essas três áreas, informação, comunicação e cultura, têm uma área de intersecção que chamamos de tradução do conhecimento”, continua Cristina, “e trabalhamos fortemente nisso”. 

Lançado oficialmente no início de julho deste ano, o SISDEF é o “carro-chefe” do NIPPIS, reunindo uma série de informações e dados relacionados à população com deficiência no Brasil em painéis acessíveis. Hoje, quatro principais temas aglutinam os painéis — Educação, Saúde, Trabalho e Demografia —, com informações sobre docentes e estudantes com deficiência; recursos de transporte, de acessibilidade, e também pedagógicos, além de indicadores gerais de saúde, trabalho e dados obtidos a partir do Censo realizado em 2010 pelo IBGE.

Desafios de acessibilidade

O SISDEF foi lançado oficialmente durante o “5º Seminário do Núcleo de Informação, Política Pública e Inclusão Social”, organizado pelo NIPPIS com apoio da Fiocruz e da UNIFASE e realizado nos dias 5 e 6 de julho de 2022. Na ocasião, o núcleo também celebrou o lançamento de seu site.

O evento teve mesas de discussão e debate que valorizaram questões sobre invisibilidade social e informacional relacionadas às pessoas com deficiência no Brasil, ressaltando a importância da informação e da acessibilidade como estratégias de equidade e inclusão social. 

Entre os participantes, estavam integrantes do NIPPIS, da PCDaS e da Acesso Para Todos, e também o Secretário Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Cláudio Panoeiro, além de outros representantes da Secretaria. 

Uma das mesas de discussão, “Desafios e estratégias de acessibilidade no ambiente virtual”, contou com a participação de três integrantes da PCDaS: Sérgio Cruz, cientista de dados e líder do time de gestão da Plataforma, que coordena a parceria com o SISDEF; Jefferson Lima, coordenador técnico e líder da equipe de tecnologia; e Matheus Miloski, cientista de dados.

Na mesma mesa, participaram Anderson DallAgnol e Cláudia Nascimento, da Acesso Para Todos. Ao longo de 2021 e 2022, seus integrantes orientaram a equipe da PCDaS na tentativa de tornar a visualização dos painéis do SISDEF acessível a pessoas com deficiência. 

“Este tem sido um grande desafio”, explica Sérgio Cruz. “Após concluir o objetivo inicial de criar o site do NIPPIS e incluir os painéis do SISDEF, passamos a trabalhar no sentido de seguir as recomendações e melhorias propostas pela Acesso Para Todos”. 

Cristina relembra estes desafios exaltando a frutífera parceria entre a PCDaS e a Acesso Para Todos. Em alguns aspectos, explica, já foram alcançados grandes avanços, como os painéis disponibilizados e o próprio site lançado em julho. “A nossa perspectiva é que o projeto se torne uma referência para a área ao disponibilizar informações incorporando recursos de acessibilidade”, explica ela. “É gratificante ver como todos da equipe da PCDaS estão pessoalmente envolvidos e motivados neste sentido”. 

Próximos passos 

Ainda que muitos desafios tenham sido superados em 2022, o SISDEF ainda tem muito trabalho pela frente. “A princípio, escolhemos alguns indicadores prioritários para trabalhar”, explica Cristina, “mas ainda há muitos outros, e também outras fontes de dados, sobre as quais ainda podemos nos debruçar”. O grupo tem perspectivas de trabalhar com dados sobre nascimentos e mortalidade, ainda não explorados, e também com a base do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que se refere à aposentadoria por invalidez.

Com tanta profundidade e riqueza de informações, chama a atenção o pioneirismo do projeto. “Historicamente, é a primeira vez que o país tem à disposição uma plataforma de indicadores sobre as pessoas com deficiência”, explica Cristina. “Isso não existia. Era uma população invisibilizada. E ainda tentamos disponibilizar estes indicadores com a maior acessibilidade possível. É um projeto muito bonito, que dá muita satisfação de fazer”.

Ao olhar todo o apoio técnico e estrutural dado pela PCDaS ao projeto, Sérgio também se orgulha de participar da iniciativa pioneira. “Ao reunir diferentes bases de informações em um mesmo lugar, interligando saúde, educação, trabalho, entre outros aspectos, estamos trazendo visibilidade para essas pessoas”.


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